Notas
Polígamo, presidente de Senegal assume o cargo e apresenta duas primeiras-damas
Cerca de um terço das pessoas casadas no Senegal estão em relações polígamas. Um relatório do Comitê dos Direitos Humanos da ONU indicou que essa prática contribui para a discriminação contra as mulheres.
O novo presidente do Senegal, Bassirou Diomaye Faye, assumiu o cargo na terça-feira (2). Na cerimônia de posse, foi acompanhado por Marie Khone, com quem é casado há 15 anos e com quem tem quatro filhos.
Além deles, também estava presente a outra esposa de Diomaye Faye, Absa, com quem o novo presidente se casou há cerca de um ano.
Como o novo presidente é bígamo, o Senegal agora tem duas primeiras-damas.
Ao tomar posse acompanhado das duas esposas, Faye fez um aceno aos muçulmanos do país, que são maioria no Senegal. A poligamia é uma prática tradicional entre os muçulmanos senegalenses, especialmente nas zonas rurais. O Islã permite que os homens tenham até quatro esposas, desde que tenham recursos para sustentá-las e passem tempo igual com cada uma.
Quando Faye apareceu com suas duas esposas, foi aplaudido por uma multidão.
Faye já afirmou que tem orgulhoso de sua situação conjugal. Durante a campanha ele afirmou que tem filhos lindos porque tem esposas formidáveis. «Elas são muito lindas. Agradeço a Deus porque estão sempre ao meu lado», afirmou.
Poligamia virou tema de discussões no país
O assunto da poligamia do presidente passou a ser tema de debates na mídia do país e nas redes sociais.
«Esta é uma consagração da tradição da poligamia ao mais alto nível do Estado, uma situação que reflete a tradição senegalesa», disse o sociólogo Djiby Diakhate.
O sociólogo Fatou Sow Sarr afirmou na rede social X que «a poligamia, a monogamia ou a poliandria são modelos patrimoniais determinados pela história de cada povo» e disse que o Ocidente «não tem legitimidade para julgar» as culturas do país.
No Senegal, a homossexualidade é punida com penas de um a cinco anos de prisão.
Muitas mulheres no Senegal são contrárias à poligamia. Um relatório do Comitê dos Direitos Humanos da ONU indicou que essa prática contribui para a discriminação contra as mulheres.
Mudança de protocolo
A autora senegalesa Mariama Ba criticou duramente a poligamia no seu romance de 1979 «Uma Carta Tão Longa», no qual descreve o sofrimento e a solidão das mulheres quando os seus maridos decidem ter uma segunda esposa, geralmente mais jovem.
O ex-ministro da Cultura e acadêmico Penda Mbow afirmou que a situação conjugal do novo chefe de governo é algo inédito: «Isso significa que todo o protocolo deve ser revisto», disse ele.
Quase um terço dos casados são polígamos
No Senegal, muitos casamentos não são registrados, o que torna difícil estimar a prevalência da poligamia, mas um relatório de 2013 do escritório nacional de estatísticas informou que 32,5% das pessoas casadas fazem parte de uma união poligâmica.
Para Diakhaté, o presidente eleito «enviou uma mensagem potente para que outros homens assumam que são polígamos». G1
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